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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A realidade das aposentadorias

Martim Berto Fuchs

O regime geral de Previdência Social em 2011 tinha 29 milhões de aposentados e pensionistas. Desse total, 1,1 milhões eram funcionários públicos federais aposentados e militares reformados.
A receita estava em R$ 24 bilhões e a despesa em R$ 80 bilhões. Ou seja, déficit de R$ 56 bilhões. Os valores médios mensais por funcionário aposentado eram de R$ 6.060,00. Ou seja, 12 salários. Observação: só o funcionário desconta para a Previdência, pois o governo não contribui, como as empresas fazem no regime da CLT.
Havia 22 milhões de trabalhadores urbanos, CLT, aposentados ou pensionistas. A receita era de R$ 246 bilhões, com despesa de R$ 225 bilhões. Portanto, superávit de R$ 21 bilhões. Os valores médios mensais eram de apenas R$ 786,00 por trabalhador aposentado. Ou seja, 1,3 salários. Observação: empresa e empregado contribuem.
Há, ainda, mais 6,2 milhões de pessoas que recebem benefícios pela Previdência rural. Receita de R$ 5,5 bilhões, com despesa de R$ 61,1 bilhões. Resultado: déficit de R$ 55,6 bilhões. Valores médios mensais: R$ 758,00 por trabalhador aposentado ou 1,3 salários.
Importante. Se não houvesse o fator previdenciário, a despesa a MAIOR da Previdência Social seria de R$ 11 bilhões, ou seja, o superávit do item CLT, diminuiria de R$ 21 bi para R$ 10 bilhões, mas o resultado ainda seria SUPERAVITÁRIO.
A Previdência Social da CLT têm agregado a si o Sistema de Seguridade e Assistência Social da nação. E ainda, existe o Regime Previdenciário para os Servidores Públicos, o RPSP, também agregado, formando então o Regime Geral de Previdência Social.
E por paradoxal que pareça, os superavitários (CLT), que têm os outros agregados à sua Previdência, são os ÚNICOS a sofrer o fator previdenciário, que está levando todos seus aposentados ao salário mínimo.
Pois é. Sacrifica-se a única categoria que é superavitária, CLT. Por quê? Só pelo fato de ter superávit?
A verdade é uma só. Depois que os governos ditos sociais-democratas (PSDB) auxiliados despudoradamente pelo PFL, que de vergonha trocou até o nome para DEM, e posteriormente os ditos populares (PT-PSB-PCdoB-PDT) assumiram o Poder, a grande maioria dos trabalhadores brasileiros aposentados está sendo levada gradativamente à miséria, à mendicância, à humilhação.
E como nossos governantes se autoconduzem ao Poder através das suas máquinas de desviar dinheiro, também conhecidas por partidos políticos, a possibilidade de se fazer justiça é MUITO remota. Eles teriam que em primeiro lugar, parar de desviar recursos para finalidades não previstas nas suas obrigações constitucionais. E isso eles não podem mais fazer nem que queiram, pois chegaram onde estão justamente pelo sistema podre que os sustenta.

http://capitalismo-social.blogspot.com/

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Falta de previsão...

Há muitos anos a grande maioria dos aeroclubes no Brasil estão esquecidos pelos governos federais. Entra governo, sai governo, e os aeroclubes cada vez menos prestigiados.
São os aeroclubes que formam a grande maioria dos pilotos em vôo hoje no Brasil.
Mas tanto o governo como as grandes companhias aéreas ignoraram isso.

Olha aí o resultado:

Faltam pilotos no Brasil, diz diretor da TAM
Companhia precisa contratar 120 profissionais no ano que vem, mas tarefa está cada vez mais difícil
A escassez de pilotos no Brasil será ainda mais intensa em 2012, na avaliação da TAM. A companhia precisa contratar 120 pilotos e copilotos no ano que vem, metade do total admitido em 2011. Mas a tarefa não será fácil. “Falta piloto no Brasil”, diz o comandante Leonard Grant, diretor de operações e treinamento da TAM.


Mercado de aviação cresce no Brasil, mas faltam pilotos
O desafio está no descasamento entre o ritmo de formação de profissionais e o crescimento do mercado de aviação no Brasil. Embora tenha desacelerado nos últimos meses, no acumulado do ano a indústria registra aumento de 17,5% em passageiros por quilômetro pago (RPK) e de 13,7% em assentos por quilômetro ofertado (ASK) em voos domésticos, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Aéreas temem escassez de pilotos para novos aviões

O problema, segundo Grant, é que “o País não está olhando para a formação de pilotos”. Não existe hoje nenhuma estratégia conjunta do setor para buscar soluções para a questão. “As companhias têm feito muito esforço para encontrar uma saída, mas são iniciativas isoladas”, diz.

Carolina Duque, diretora de recursos humanos da TAM, conta que 2011 já foi um ano mais difícil para a contratação de novos pilotos e copilotos. "A TAM é uma marca forte, tem bastante atratividade, e mesmo assim nesse ano não conseguimos contratar com tanta rapidez como em 2010", diz. Ainda assim, a empresa conseguiu atingir a meta e admitir 240 funcionários.

Mas as perspectivas para 2012 são mais preocupantes: “ano que vem vai ser ano de dificuldade”, prevê Carolina. A TAM precisa contratar pilotos para repor alguns funcionários que saíram e dar conta de atender às novas aeronaves que devem entrar e operação no ano que vem e no início de 2013. A empresa deve chegar ao fim do ano que vem com 159 aeronaves, três a mais que a frota no fim de 2011. A previsão divulgada anteriormente era de terminar 2012 com 163 aviões.

Requisitos mínimos

Segundo o comandante Grant, está cada vez mais difícil encontrar profissionais que atinjam os requisitos mínimos da empresa. A TAM exige no mínimo 800 horas de voo para quem possui curso superior em ciências aeronáuticas, ou pelo menos 1.200 horas para quem não tem graduação. Mesmo com a escassez de mão de obra, ele diz que não está nos planos da empresa diminuir os requisitos para pilotos. Pelo contrário, as exigências continuam bastante elevadas após a contratação. "O piloto tem três chances por ano de parar de voar: se for reprovado no exame médico, na reciclagem de equipamento e na teórica", diz Grant.

Logo que são contratados, os profissionais recebem treinamento na Academia de Serviços Comandante Rolim Amaro, que completa dez anos de existência. No caso de pilotos e copilotos, são três meses de curso, simulações de voos e avaliações, que custaram à TAM a quantia de R$ 20 milhões em 2011. Ao todo, a empresa investiu R$ 32 milhões investidos no desenvolvimento de funcionários, valor 24% maior que os aportes feitos em 2010.

Áereas disputam pilotos

A escassez de profissionais qualificados acirra a competição entre as companhias aéreas brasileiras. A diretora de RH da TAM conta que a empresa tem perdido alguns pilotos para concorrentes. “Alguns têm saído para tentar fazer carreira mais rápida em outras companhias”, afirma.

Para ser comandante na TAM, um piloto precisa acumular, em média, cinco mil horas de voo – processo que leva de cinco a seis anos. Já em outras companhias a espera pode ser menor, o que tem motivado alguns a mudar de emprego. “Em muitos casos, o piloto aceita até ganhar menos em busca do status de comandante”, diz Grant. Ele afirma que, em geral, a mudança ocorre para outras companhias que operam no Brasil. "São muito poucos os casos de quem está deixando o País para pilotar em companhias do exterior", diz.

Para tentar atrair novos funcionários, a empresa tem buscado parcerias com escolas e tem procurado no mercado profissionais qualificados para o cargo. Em algumas situações, a TAM também adota a estratégia de oferecer salários um pouco superiores à média, na tentativa de atrair e reter pilotos. Outro atrativo, segundo Grant, é o fato de que a empresa é a única aérea brasileira a oferecer possibilidade de carreira internacional.

Atualmente a TAM tem 2.300 pilotos e copilotos. O salário inicial de um copiloto é, em média, R$ 8 mil. Já um comandante ganha aproximadamente R$ 20 mil. A companhia tem 6.500 comissários de bordo.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

ANAC PEGOU AEROVIA NA CONTRAMÃO?

NOVO CAOS NA AVIAÇÃO CIVIL BRASILEIRA

Vem aí outro enorme problema para tripulantes, usuários, aeroclubes, escolas, empresas de táxi aéreo, de serviços aéreos especializados que compõem a Aviação Geral no Sul do país, o maior segmento aeronáutico, após a Aviação da Região Sudeste. Já a alguns dias, são veiculados insistentes boatos de que a direção da Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC, determinou o fechamento do Escritório de Aviação Civil de Curitiba-EAC-CT e a Unidade Regional de Porto Alegre-UR-POA, em mais um ato que demonstra a falta de compromisso com a Aviação Civil Brasileira. Só o maior Aeroclube da Região possui mais de 1.200 alunos que tratam de todos os seus assuntos neste Escritório de Unidade.

Já é de longa data, desde a criação do órgão, que a Aviação Geral, de Pequeno Porte, Escolas, Tripulantes, Mecânicos e Alunos, enfrentam todo tipo de problemas para desempenhar suas atividades e manter o imenso número de documentos e exigências “em dia” como determina este órgão, que vem trabalhando em total falta de sintonia e desconhecimento da atividade aeronáutica.

Taxas absurdas, atendimento deficiente, atrasos na expedição de documentos, falta de examinadores para revalidação de licenças, questões e impedimentos burocráticos de todos os tipos – em sua maioria direcionados a Aviação Geral – uma vez que as grandes empresas e seus proprietários enfrentam poucos percalços, já que a maior parte das ações do órgão ocorre no interesse de ambos – fazem da vida dos pequenos operadores um verdadeiro inferno, causando-lhes problemas e prejuízos de toda ordem.

Agora, em um posicionamento totalmente contrário as necessidades da Aviação Brasileira no Sul do país, que reflete o já habitual e total desconhecimento da atividade aeronáutica por parte de seus dirigentes e funcionários, a ANAC decide unilateralmente, arbitrariamente e sem qualquer tipo de consulta, simplesmente fechar estes Escritórios e Gerências, obrigando milhares de empresas, escolas e tripulantes da Região Sul, a viajarem, muitos, por milhares de quilômetros até Rio de Janeiro, São Paulo ou Brasília, para resolverem qualquer tipo de problema, dos mais simples como a revalidação de uma Licença até os mais complexos. Já havendo imensa carência de profissionais no país, tais viagens agravarão a falta e a indisponibilidade de pilotos, mecânicos e aeronaves, que terão que se afastar de suas funções, enquanto viajam e aguardam a disponibilidade precária do órgão para a resolução de seus problemas.

É realmente um absurdo, que em pleno Século 21, em um país de dimensões continentais como o nosso, com a segunda maior aviação do planeta, um “Órgão Público”, se arvore no direito de desafiar e desestruturar toda a ordem e organização estabelecida, decidindo a “bel prazer” encerrar suas atividades na Região Sul por sua conveniência – não da nossa, alunos, tripulantes, escolas e operadores - que como cidadãos e Contribuintes já pagam impostos – e ainda tem que pagar taxas e emolumentos (caros) por qualquer serviço prestado pela Agência, que apenas cumpre sua função e não nos presta favor de qualquer tipo.

Assim, exigiremos o não fechamento dos Escritório de Aviação Civil de Curitiba-EAC-CT como também da Unidade Regional de Porto Alegre-UR-POA. Solicitamos à todas as personalidades públicas e privadas com Poder de Decisão, que diligenciem contra este abuso administrativo, mesmo porque a Aviação Geral é ferramenta essencial para que autoridades, empresários e elementos com Poder de Decisão, desempenhem suas funções com eficiência, lucratividade, tranqüilidade e conforto!


Curitiba, 20 de Fevereiro de 2011.

AEROCLUBE DO PARANÁ

PRESIDÊNCIA E DIRETORIA


Comentário meu:

Algumas pessoas no governo ainda acham que aviação no Brasil é "coisa de rico". Não precisa ir muito longe: Um simples cafèzinho com um pão de queijo em lanchonete de aeroporto custa de 7 a 8 reais...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Carta aberta aos futuros aviadores...

Curitiba,14/05/2010.

Então você quer ser um piloto!...

Vamos conversar um pouco. Se não sabe, quem lhe fala é um , com um pouco mais de quinze mil horas. Uma experiência, se não muito larga, bem razoável.

Entrei na escola aos dezessete anos. Quarenta e cinco vibrantes entusiastas me acompanhavam. Mundo mágico! Diferente do colégio, só nos ensinavam o que queria-mos aprender. Padrão de exigências alto, muito alto. E de novo diferente dos colégios onde a aprovação era aceita com apenas quarenta por cento, lá eram exigidos setenta de aproveitamento. As aulas teóricas eram ministradas em salas impregnadas de seriedade, o que nos tornava um grupo cercado de curiosidade admirada, pelos circundantes. E já nos lembrava a circunspeção com que deveríamos encarar os cursos.

Nos hangares, os cheiros de combustível, colas, tintas, o ronco dos motores, o clima descontraído, o fato de ninguém estar ali obrigado, tornava tudo mágico, extasiante. Havia a consciência de que estávamos sendo preparados para ser alguém especial. Homens definidos por Exupéry, Guillaume, Clostermann, Doolittle, como superiores. Capazes de misturarem-se às nuvens e voltar. Capazes de seguir através de largas áreas de desertos, florestas impenetráveis, oceanos imensos e regiões enregeladas, uma agulha imantada; e acharem o destino. Capazes de enfrentar, no ar, tenebrosas tempestades noturnas, dentro de meras caixas de madeira com alguns reforços de metal, e sobreviver...

Recebíamos montes de manuais e os devorávamos como se encerrassem contos saborosos em vez de frias instruções sobre matérias diversas tas como: meteorologia, navegação, aerodinâmica, eletricidade, motores, manutenção, sistemas, regulamentos; e ainda, teoria da pilotagem. A sublime arte que justificava o esforço. Pensava-se em tudo.

Os macacões nos davam a aura adequada. Já éramos alunos, já voávamos; já estávamos quase ficando “especiais”. E desfilávamos pelos hangares, imponentes, a despeito da nossa humilde condição, – alunos primários.

Para festas, comemorações, revoadas, demonstrações, etc. dispúnhamos de um uniforme calcado no padrão internacional, e com as “asas” da escola. E havia um desmedido orgulho em usá-lo.

Terminados os cursos que iam acontecendo espaçadamente, algumas vezes com anos de intervalo, Piloto Privado, Comercial, Instrumentos, Linha aérea, todos debaixo de provas duras, demoradas e freqüentes, testes de habilidade em vôo, percepção, julgamento, planejamento, – sem esquecer os famigerados exames médicos de permeio, psicológicos, fisiológicos, audiométricos, oftalmológicos etc. onde muitos viram se evanescer o sonho do vôo – íamos ainda enfrentar a seleção nas empresas operadoras. Mais provas e exames. Era um nunca acabar. Porem, já ficávamos mais perto de ser especiais.

A admissão era na posição de Co-piloto, quase um epíteto pejorativo, mas as duas faixas nos ombros, eram um anestésico potente.

Um dia, anos depois, virávamos debaixo de mais testes e exames torturantes, Comandantes!

Festas, comemorações, recebíamos o pergaminho final em solenidades pomposas. Discursos , parabéns, familiares presente, emoções a rodo e finalmente éramos declarados especiais. Mais faixas nos ombros, mais botões e asas douradas espetadas no peito; outorgando-nos o direito de ser donos de nós mesmos e do avião sob nossa responsabilidade. Autoridade máxima à bordo, devíamos explicações, se necessárias fossem por alguma atitude divergente, apenas quando no solo. E para autoridades que normalmente relutavam em nos fazer as perguntas de cunho mais impertinente. Nós éramos a autoridade competente no assunto e, portanto, dignos de crédito e do máximo respeito.

Havia ainda um salário compatível com a importância e liturgia do cargo. E aí sim, desfilávamos sob uma real aura mística, envolvidos por olhares de admiração, e por que não dizer, inveja.

Éramos, frente aos passageiros, figuras míticas. Recebíamos reverencias quase monásticas quando do embarque. Assumíamos a figura paterna no mais das vezes, o que é facilmente explicável. A nós, entregavam o bem mais precioso: a vida. Pois éramos os vultos capazes de aquietar os “deuses” do ar, dos vendavais, das tempestades. E traze-los são e salvos de volta à terra.

Quem sabe foi esse conjunto de benesses que lhes despertaram a vocação? E foi por isso que resolvi conversar com você.

Você, meu caro candidato, está chegando após a informatização. E isso muda tudo!

Comecemos pela escola.

– Turma? Pra que isso? Os candidatos a aluno vão chegando (aleatoriamente) em períodos espaçados e (aleatoriamente) recebem apostilas. (Pobres, incompletas, cópias tipo “fundo de quintal”, e pagam por elas.) Depois vão sendo preparados pelos “instrutores”...

E que já não são mais formados como instrutores. Não são treinados para tal. Antes eram. Havia o pesado curso de preparação de instrutores onde entravam matérias como prática de instrução, padronização e psicologia, e em vôo, manobras intermediárias e acrobáticas, treinadas à exaustão. Ao fim, eram os candidatos submetidos a duros exames teóricos e práticos, pelos inspetores do DAC – estrutura que controlava a aviação civil. Uns poucos eram aprovados.

Hoje, apenas pilotos um pouco mais voados, quase sempre sem outro emprego e que aceitem passar o pouco que sabem, concordando ainda em amealhar humildemente o pouquíssimo que as escolas – sempre “em crise” – se dignem a pagar, são considerados “instrutores”. Deste modo, ficam diferentes entre si. Diferentes em padrões, em exigências, em manobras aplicadas. Por falta do treinamento acrobático, desconhecem as atitudes anormais a que um avião pode ser levado pelos alunos, e quando acontece, dificilmente conseguem recuperar o vôo nivelado a tempo.

O acidente está pronto.

– Mas agora já há um número considerável (cerca de 15, 20 por cento?) de alunos preparados em “faculdades”, com uma instrução teórica muito superior!

Concordo; só que preparados para programar (superficialmente) e seguir (religiosamente)... computadores. Aviadores?

Mas fique tranqüilo. Não fará muita diferença. Pois você não estará cercado por entusiastas, por “vibradores”. A maioria dos atuais “candidatos”, busca apenas um emprego. Poderia ser nos balcões de venda de passagens, ao pé das escadas de embarque, nas salas asfixiantes. Iriam com o mesmo “entusiasmo”, sob o mesmo “encanto”, pois os ganhos já não diferem tanto.

– Macacões? Uniformes? Não acredito que ainda tenha gente pensando nisso, pô! Isso aqui é uma escola civil, meu chapa!...

– Padronização? Pra que isso? As empresas vão padronizar os candidatos, dentro dos seus parâmetros. Você também não vai querer que um piloto seja um letrado, um “doutor” não é mesmo?

A falta de conhecimentos é então festejada?

Lembre-se: você não estará mais sendo preparado para ser alguém “especial”. E sim para seguir o que os computadores, que deveriam se chamar “calculadores” em português nossa língua, originam. Você quando em vôo, estará sendo monitorado em todos os passos e deverá seguir rigidamente o que os executivos da sua empresa determinem.

Comandante? Ah... Não mais! Gerente de operações de vôo. Esse é o pomposo nome da sua “nobre” atual função à bordo.

– Que conversa é essa de “especiais”? Qualquer Zé Ruela pode ser piloto!

– Se espelhar em aviador decrépito, do tempo em que se amarrava cachorro com lingüiça? Qualé?

Até o uniforme, responsável por larga parte da citada aura, está em desuso. Muitas empresas já não os adotam, e quando o fazem é fora do padrão. Lembrando mais uma descontraída roupinha esporte. Pra que essa distinção descabida a meros gerentes de automação? Não, não é uma expressão minha; é deles, executivos, atuais donos da aviação.

Lamentavelmente nós permitimos. Deixamos acontecer, pois somos portadores do lirismo típico, compatível, com o aviador de verdade. Nós queríamos o ar, a amplidão, as nuvens. Os comportamentos mesquinhos, o “puxassaquismo” desenfreado, a maledicência, a ganância, girava dentro dos corredores bolorentos dos escritórios comerciais das empresas. Terreno fértil para desenvolvimento desse tipo de vírus, germinando farto entre os terráqueos.

Tudo no chão; nós éramos do ar, etéreos, sublimes.

Eles ganharam.

Perdemos o posto, a dignidade, a aura e também, lógico, o salário.

Você vai receber as suas licenças, hoje não tão suadas, (Será que isso é bom? Você se sente mais seguro sendo menos exigido?) pelo correio; friamente. Sem festas ou comemorações. Ou irá resgatá-las nos balcões mais frios ainda da “escola” que o preparou.

Preparou? – Mesmo?

E lembre-se: essas licenças menos doídas, menos exigidas, vêm com as nódoas do salário mais baixo. O que fará você ficar com um ganho próximo ou até menor, que o motorista de uma transportadora de bom nível.

Não que eu tenha nada contra um bom salário para quem enfrenta as péssimas e inseguras estradas brasileiras ou mesmo no resto da América “latrina”, em jornadas extenuantes conduzindo cargas preciosas, muitas vezes perigosas, ou ainda várias dezenas de vidas. Mas, considerando a complexidade da máquina, o meio onde se desloca e as pressões resultantes, seria esperável uma diferenciação maior.


Você estará sendo “programado” para a aviação ultra-moderna, de jatos, de ônibus aéreos, de transporte de massas, não há mais espaço pra essas “frescuras” do passado.

Que triste!

Em vez de seguir agulhas imantadas, um moderníssimo sistema GPS lhe informará que a antena do receptor está dentro de um círculo de menos de dois metros de raio, levando-o, – desde que não venha a falhar – “infalivelmente” ao destino. Sem cálculos, sem compensações de deriva, de declinação magnética, sem erros.

Consumo, avaliação de combustível, reservas, esqueça. Os “computadores” cuidarão de tudo. Você estará nos braços eletrônicos – ternos, mas temperamentais e imprevisíveis – da informática.

Não estará mais dentro de uma tosca caixa de madeira para enfrentar tempestades. E sim, dentro de um tubo de alumínio resistente. Resistente mas não muito, pois a estrutura terá que ser economicamente projetada. A concorrência é grande, o mercado estreito.

Os sofisticados radares lhe mostrarão com boa antecedência onde estão as tempestades, e você poderá contorná-las com desvios. Não muito grandes, pois os senhores executivos estarão de olho, e têm que economizar combustível. O que é que os acionistas irão dizer?

Se você, futuro colega, mudar a trajetória, a velocidade, a altura, a aceleração dos motores, mesmo com motivos de sobra para tal, ferindo minimamente que seja o que foi pré-programado, será infalivelmente chamado ao “tapetão”. Onde um “terráqueo” se achando o máximo, derramando as frustrações e inveja mal disfarçadas, além de desconhecer quase tudo de aviação, vai lhe torrar a paciência com perguntas imbecis e descabidas. E que devem ser respondidas em voz comedida, acompanhada de “sim senhor, não senhor”.

Sugiro ainda, manter orelhas murchas e rabo entre as pernas. Está sempre sobrando pilotos no mercado. Se falta, a Força Aérea os fornece de bom grado. Portanto...

As decisões de comando a serem tomadas de imediato e na direção certa, saíram da cabine. Estão numa sala climatizada, entre cafezinhos e refrigerantes, além de “bom papo” e totalmente indiferente ao resultado. A sala não vai cair com o avião. Portanto...

Se algo poderia cair junto com uma aeronave por ventura sinistrada, seria a reputação de um desses executivos. Mas aí ele estará vivo. Vai defender-se, contratar caros e respeitáveis advogados, (o salário permite, e há ainda uma ajuda substancial...) e dirigirá a culpa para o piloto. – Morto, indefeso.

Em sacrifício ao Molock moderno da aviação, este assumirá então a culpa. Fabricante e operadores comemorarão festivamente...

E se o tráfego, o mau tempo, ou mesmo se esses nobres senhores atuais donos da verdade, com as suas determinações esdrúxulas provocarem atrasos, em vez de reverenciado ao embarque, você será apupado. Será desrespeitado, ridicularizado, achincalhado, pelos passageiros que aprenderam que você não passa de um Zé Ruela.

Esse é o duro quadro. Realidade, acredito que “broxante”, para os que queiram ser aviadores. Lembrem-se, piloto qualquer Zé Ruela pode ser. Eles o dizem.

Diante dessa trágica visão, permita-me um conselho candidato a aviador; não a piloto, claro: arrume emprego, estude, tenha uma formatura terráquea qualquer e embarque depois na aviação aero-desportiva. Vá passear de avião nos fins de semana.

Se tiver posses mais adiante, compre o seu. Divirta-se, sinta-se satisfeito sendo aviador, mas não profissional. Esse é o último reduto onde existe aviação na plenitude do termo.

Embora não seja uma exceção, pois um número grande de profissões se extinguiu ou empalideceu com a informatização, dói constatar: a aviação profissional do passado, do meu tempo que não vai tão longe assim, acabou. Não existe mais. Mataram.

Seja feliz.


CMTE.TETTO (ACP).

Assino embaixo! CMTE. CASSARO

sábado, 30 de janeiro de 2010

sábado, 16 de maio de 2009

NÃO! Ao AI-5 contra a Internet!

Foi bem ao estilo da internet, colaborativo, livre e online que aconteceu na Assembleia Legislativa de São Paulo o ato contra o que está sendo chamado de AI-5 Digital 2.0 – movimento contra a aprovação do substitutivo do senador Eduardo Azeredo que está em tramitação no Senado Federal e transforma em crime a troca de arquivos digitais, proíbe a existência de redes abertas e torna os provedores em polícias privadas da internet.

Com a eloquência que lhe é peculiar, o ativista pela liberdade na web Sérgio Amadeu da Silveira, professor da Faculdade de Comunicação Cásper Líbero, apresentou às cerca de 300 pessoas presentes no ato, os impactos nocivos que a nova lei, se aprovada, poderá trazer à liberdade e à democracia.

“Essa lei é um absurdo”, afirmou Sérgio Amadeu, “a simples prática comum de recontar uma história que antes fazíamos em nossos quintais e que hoje crianças e jovens fazem na rede pode ser criminalizada. A dimensão lúdica não poderá mais existir”, disse ao contar a história da menina que foi processada pela Warner Bros., por ter feito um diário online do Harry Potter.